Que tal conhecer a história do jazz brasileiro?
O jazz brasileiro é uma importante vertente do gênero estadunidense e que se apropria de influências internacionais, aliadas às misturas de estilos típicos do nosso país. Como a música é global, os artistas se inspiram entre si para criar seus próprios caminhos.
Nesse sentido, conhecer a trajetória e os grandes nomes do jazz no Brasil é excelente para entender como o movimento impactou nossos artistas e está presente nas composições até hoje. Também é interessante perceber os toques especiais que os brasileiros acrescentaram ao gênero para criar algo com a nossa cara.
Neste post, apresentamos a história dessa manifestação artística e alguns expoentes nacionais. Continue a leitura para conferir.
As origens do jazz
Apesar de não haver uma certidão de nascimento do jazz, seus registros começam aproximadamente em 1890, nos Estados Unidos. O ritmo dançante, as métricas não lineares e a forte tendência à improvisação tornaram o estilo bastante popular.
Porém, levou um tempo até os brasileiros começarem a integrar essa referência nas produções. É importante destacar que esse é um gênero de origem africana, que iniciou com as pessoas que foram capturadas e escravizadas nos Estados Unidos.
Assim, a arte foi a forma que esses grupos encontraram para manter viva a cultura do seu povo. Além disso, tinha forte ligação com as cerimônias tribais. Nesse contexto, surgem o spirituals, o blues e o ragtime.
O jazz tem uma grande proximidade com o blues, pois pega emprestada a “blue note”, aquela nota semitonada extra na escala pentatônica que traz a melancolia característica do gênero. A marcha e a polca do ragtime, além do piano marcante, são elementos que o jazz incorporou.
A chegada do jazz ao Brasil
O estilo demorou a chegar ao Brasil. Entre as décadas de 1920 e 1950, explodem no país as big bands e as jazz bands, com influência do movimento que acontecia no exterior. Mas é em 1960, com o surgimento da bossa nova, um marco para a música brasileira, que o jazz começa a ficar mais presente no país e a ganhar mais brasilidade.
É assim que surge o jazz brasileiro, que se apropria do que era realizado no exterior para criar um estilo musical genuinamente nacional. O gênero também é chamado de samba-jazz, por acrescentar elementos do samba, que surgiu com as pessoas que foram escravizadas no Brasil.
O desenvolvimento do estilo no país
Em sua origem, o jazz brasileiro era muito caracterizado por ser uma música instrumental do repertório da bossa nova, em especial por trios de piano. Nesse percurso, acontece um diálogo entre os gêneros, inclusive o choro, que já era tradicional no país.
Não havia nesse momento uma tendência a se ter músicos dedicados exclusivamente ao jazz. Por outro lado, os artistas tomaram para si os atributos que faziam sentido e transformaram o que era uma cultura global em algo típico do nosso país. Veja alguns estilos que foram importantes para isso.
Nordestino
O jazz brasileiro usa bastante a “cadência nordestina”, que também é uma herança cultural da miscigenação da região. Outra semelhança que vale destacar é a tendência à improvisação.
Brejeiro
O ritmo brejeiro é mais um exemplo tipicamente nacional que encontrou muitas semelhanças com o jazz e criou uma mistura interessante. O choro tem suas quebras e certa malícia, muito presentes no estilo norte-americano, além dos deslocamentos rítmicos.
Época de ouro
A chamada “época de ouro” da música popular no Brasil se refere aos anos de 1930 até 1945, em que surgiram expoentes importantes. Estilos como modinhas, valsas e serenatas também ganham seu espaço no jazz, com técnicas de grupetos e apojaturas.
Um exemplo é a canção “Minha Palhoça”, de J. Cascata, com elementos da época de ouro, além de referências do choro, como as baixarias.
Os principais nomes do jazz brasileiro
É ótimo saber mais sobre a história desse gênero musical em nosso país. Melhor ainda é poder ouvir artistas de ponta que deram forma ao movimento e que são referências mundo afora. Conheça alguns grandes músicos da cena.
Hermeto Pascoal
Hermeto Pascoal é um dos expoentes do jazz brasileiro que nos surpreende pelo seu modo de integrar as características do jazz norte-americano aos ritmos nacionais. Entre suas especificidades, além de ser um multi-instrumentista impecável, está usar os instrumentos de formas incomuns para recriar sons da natureza. Certamente, vale a pena ouvir.
João Gilberto
Há quem considere a canção “Chega de Saudade”, gravada por João Gilberto em 1959, como o marco do jazz no Brasil. O artista baiano teve grande reconhecimento internacional, e o disco Getz/Gilberto está entre os maiores álbuns de jazz da história.
Egberto Gismonti
Outro nome que ganhou muito destaque no cenário foi o de Egberto Gismonti. O multi-instrumentista também valoriza as misturas brasileiras em suas composições e chegou a conviver com indígenas para conhecer melhor sua cultura.
Elza Soares
Elza Soares é um exemplo de cantora de jazz que merece menção. Sua voz marcante combina o jazz e o samba. A maneira de cantar e a história de vida a aproximam da norte-americana Billie Holiday. Elza é uma das referências femininas mais importantes.
As curiosidades do jazz brasileiro
A seguir, conheça algumas curiosidades interessantes envolvendo a chegada do jazz ao nosso país.
Gênero virou febre quando chegou ao Brasil
Na década de 1920, o jazz já era a sensação mundial e se tornou febre entre os grupos de pessoas negras em São Paulo e no Rio de Janeiro. Longe dos eventos da elite, era a expressividade afro-brasileira. Naquela época, pipocavam orquestras que se transformaram em jazz bands.
Brasileiros imitavam norte-americanos
No período em que o jazz começou a marcar presença no Brasil, ainda não havia uma identidade nacional relacionada a esse estilo. O que se fazia era a reprodução da proposta norte-americana. Gradualmente e com grandes artistas nacionais, as produções do país ganham uma cara.
Como vimos, o jazz brasileiro é um gênero de grande importância e que agrega atributos de diferentes culturas para resultar nessa musicalidade única. Sobretudo, é um estilo que exalta a liberdade e a energia, em experimentações inusitadas.
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